Construção da nova Capital da indonésia gera dúvidas.
Indonésia busca enfrentar desafios ambientais

Nova Capital da Indonésia e a Visão de um Futuro Sustentável
O ousado projeto de mudança da capital da Indonésia busca enfrentar desafios ambientais e demográficos, criando uma cidade ecológica e tecnológica no coração de Bornéu.
Em uma iniciativa monumental, a Indonésia está construindo sua nova capital, Nusantara, na ilha de Bornéu, a fim de substituir Jacarta, que enfrenta graves problemas ambientais e de infraestrutura. A decisão, anunciada oficialmente em 2019, visa transferir o centro administrativo do país para uma região menos vulnerável, proporcionando uma cidade moderna, sustentável e tecnologicamente avançada. Com um investimento estimado em cerca de US$ 32 bilhões, Nusantara é mais do que apenas uma nova capital; é uma resposta estratégica aos desafios de desenvolvimento que a Indonésia enfrenta em pleno século 21.
O Colapso de Jacarta
Jacarta, com uma população de cerca de 10 milhões de habitantes, está entre as cidades que mais afundam no mundo. Estima-se que a capital atual da Indonésia possa estar submersa até 2050, com algumas áreas já afundando até 25 centímetros por ano. A sobrecarga demográfica, a poluição extrema e o tráfego caótico são agravados pelas mudanças climáticas, que intensificam as inundações e aumentam o nível do mar. A cidade é também um centro econômico e político que, ao longo dos anos, tornou-se ineficiente para comportar a crescente população e o desenvolvimento do país.
O colapso ambiental de Jacarta, especialmente o esgotamento de suas águas subterrâneas, foi um dos principais fatores que impulsionaram o presidente Joko Widodo a buscar uma solução mais viável. A construção de Nusantara, localizada a cerca de 2.000 quilômetros a nordeste, pretende aliviar Jacarta e simbolizar um novo futuro para o país.
A Visão por Trás de Nusantara
Nusantara, nome derivado do antigo termo javanês que significa “arquipélago”, é projetada como uma cidade inteligente, sustentável e ecológica. Ao contrário de Jacarta, a nova capital está sendo desenvolvida com uma forte ênfase na preservação ambiental, integrando aproximadamente 75% de áreas verdes em sua estrutura. O governo prometeu transformar Nusantara em uma "floresta urbana", com parques, áreas de preservação e uma infraestrutura que minimiza a pegada de carbono.
O design urbano de Nusantara combina conceitos de mobilidade elétrica, infraestrutura verde e gestão inteligente de recursos hídricos. A cidade será equipada com redes de energia renovável, que incluem energia solar e sistemas de captura e reaproveitamento de água da chuva, além de transporte público baseado em veículos elétricos. O planejamento também prevê o uso de tecnologias de Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial para otimizar o tráfego, monitorar os níveis de poluição e garantir a segurança pública.
Desafios Ambientais e Sociais
Apesar do otimismo em torno da construção de Nusantara, o projeto não está isento de críticas e desafios. A localização em Bornéu, uma ilha conhecida por sua rica biodiversidade, levanta questões sobre o impacto ambiental da urbanização. Bornéu abriga espécies ameaçadas de extinção, como o orangotango, e as atividades de construção podem agravar o desmatamento, que já é uma preocupação na região devido à expansão das plantações de óleo de palma.
Além disso, há preocupações sobre o financiamento do projeto, que depende fortemente de investimentos estrangeiros. O governo espera que, com o tempo, Nusantara se torne uma capital autossuficiente, capaz de atrair negócios e turismo sustentável, mas ainda restam dúvidas sobre como manter o equilíbrio entre crescimento econômico e conservação ambiental.
Impacto e Significado Geopolítico
A mudança da capital também reflete o desejo da Indonésia de descentralizar o poder político e econômico de Java, a ilha mais populosa do país, e redistribuí-lo para outras regiões. Nusantara representa uma oportunidade de integração econômica mais equitativa, conectando áreas rurais e urbanas. A localização estratégica no centro do arquipélago indonésio, próximo a importantes rotas de comércio, também traz um valor geopolítico, posicionando Nusantara como um novo eixo de conectividade entre o sudeste asiático e o mundo.
Além disso, o projeto visa projetar a Indonésia como um país comprometido com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, tornando-se um exemplo de liderança climática na Ásia. Ao construir uma cidade que simboliza inovação e resiliência, o governo indonésio espera criar um novo modelo de urbanização para o futuro.
Nusantara é um projeto ambicioso que tem o potencial de redefinir o futuro da Indonésia. Se bem-sucedido, ele poderá não apenas aliviar os problemas de Jacarta, mas também posicionar o país como uma força inovadora em termos de desenvolvimento urbano sustentável. Entretanto, o sucesso dependerá de uma série de fatores, incluindo a capacidade de equilibrar crescimento econômico com preservação ambiental e garantir a inclusão social dos habitantes locais no processo de desenvolvimento. Nusantara, quando concluída, será mais do que uma nova capital; será um símbolo do futuro que a Indonésia deseja construir.